quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O que corta o coração…

Longe, estou muito longe. Longe de Curitiba. Em Maceió, enamorado do mar mais lindo, esparramando-me em frutos do mar de todos os tipos, sob um sol de fantasia, dormindo um sonho de artista que viaja, viaja, viaja, e que (de coração) não sente vontade de voltar pra sua terra. Só sente vontade de continuar indo, como se existisse ainda tanta geografia pra ser explorada e tanto teatro pra apresentar “O Evangelho Segundo São Mateus”. E o contato com a frieza do clima curitibano é o Áldice, que conta dos poucos graus curitibanos, da chuva, do Speechless, meu cachorricho, da amiga Léa, do que me espera na volta que (talvez) ainda vai acontecer só em dezembro. Mas nesta quarta-feira, eu no quarto do hotel, 17h30, toca o celular e eu atendo. É, mais uma vez o Áldice; e assim, suavemente, como tem de ser, ele me conta que há uma semana faleceu a Rosirene Gemael. Ai. Jornalista de tantas histórias e tantos encontros. Falamo-nos muitas vezes por conta de nossos ofícios e trabalhamos juntos durante quase um ano na TV Educativa, quando eu participei do “Enfoque”, de muitas saudades. Rosirene sempre me foi tão doce, tão carinhosa, tão explicitamente colega. Depois, quando ela escrevia um livro sobre a Lala Schneider, tivemos outros encontros. E eu fico sabendo de sua morte uma semana depois dela. Ok. Me dói demais. Há uma semana eu estava tão longe quanto hoje, em Arcoverde, Pernambuco; mas sei lá, gostaria de ter me despedido dela. Gostaria de ter derramado algumas lágrimas, como derramo agora, tardias. Quando morre alguém tão querido, o tempo fecha e as nuvens escondem o sol, mesmo que por alguns minutos. E, assim, do nada, lembro da primeira vez que encontramo-nos, no extinto diário “Correio de Notícias”. Rosirene ativa, vibrante, plena de jornal. Ai. Que dizer? É preciso dizer? Sei lá, mas é preciso deitar-me, fechar os olhos e pensar/viver um adeus silencioso, aquele que repassa na memória cada encontro, cada palavra trocada, cada profundidade de olhar, cada esperança e cada paixão vivida. Paixão pela cultura, pela arte, pelo significado das coisas. Adeus, minha amiga, adeus. Triste saber que vou voltar pra Curitiba em dezembro e não vamos nos encontrar em qualquer momento. Adeus, querida. E aí, uma fala simples do Tom Jobim, que me inspira na sua saudade:
Quando uma árvore é cortada ela renasce em outro lugar. Quando eu morrer quero ir para esse lugar, onde as árvores vivem em paz.”

Um comentário:

  1. Olá, Edson!
    Não sei se vai lembrar de im, mas participei de sua oficna exatamente no dia dessa postagem, aqui em Maceió.
    Que triste a história da sua amiga que se foi, da pra sentir nas suas palavras o quanto essa perda foi sentinda.
    Espero que vocês voltem a Maceió com outros espetáculos, ou com o mesmo até, pra encher o sesc como foi, te falo com propriedade, é difícil encher o sesc em um espetáculo, falo isso, pois vou a quase todos que acontecem ali. Apesar da presença de pessoas evangelicas achando que era um teatro gospel... rs aí eu nem preciso comentar né? Acredito que mais uma vez lotaria a casa. Foi muito bem aceito. Fora vocês que são uns doces. Gostaria de poder ficar ciente dos espetáculos de vocês e de oficinas e estas coisas, pois, vivo aqui em Maceió, mas viajo demais para Salvador e Brasília. E queria indicar a meus amigos dessas bandas irem assistir vocês quando possível.

    Um abraço enorme.

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